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         Tudo começou na Argentina com três amigos muito queridos – dois dos quais já falecidos – conversando e bebendo vinho, que é a forma mais saudável de beber.

       Estamos falando de 1970/1974. Sempre me interessei pela história desse precioso líquido e comecei então a comprar alguns livros recentes sobre o assunto. Estando em Buenos Aires e procurando em uma lista telefônica, encontrei algumas livrarias que tratavam do tema: uma delas foi a Librería de Antaño onde conheci Alfredo Breitfeld. Foi o início da descoberta do mundo dos livros antigos, mundo esse em que a presença do vinho surgia com surpreendente frequência e sob as mais diversas abordagens.

    Graças a Deus pude visitar vários lugares do mundo, tendo assim oportunidade de relacionar-me com grandes livreiros antiquários em Madri, Roma, Milão, Turim, Paris e EUA, ampliando e fortalecendo meu vínculo com esse universo que se ia abrindo para mim.

Passados mais de quarenta anos, minha biblioteca abrange aproximadamente 7.200 títulos, vários dos quais multivolumes. Dentro dela temos quase 100 incunábulos (livros impressos até 1500) e alguns manuscritos importantes, como um Crescencio de 1450, simultâneo ao surgimento da prensa tipográfica de Gutenberg.

      O acervo da biblioteca é composto tanto de obras que tratam especificamente do vinho e seu universo (enologia), como de obras que têm segmentos dedicados diretamente a ele (agricultura, gastronomia, medicina etc.) ou que apenas incidentalmente trazem referência vinária (religião, literatura etc.). As edições são em inglês, francês, espanhol, português, italiano, latim, grego; em menor escala em alemão, com presença esporádica de outras línguas (catalão, russo, por exemplo). É considerável o número de obras impressas nos séculos XVI ao XIX, não faltando, claro, as do século XX e do atual. Enobrecem ainda mais o acervo preciosas e artísticas encadernações assinadas, muitas das quais com motivos vinários.

      Antes de serem inseridas no acervo, as novas aquisições são submetidas a quarentena, como medida de prevenção contra insetos ou fungos. E a cada seis meses o acervo todo é re-higienizado pela restauradora da biblioteca.

      Ao menor indício de contaminação, o volume é submetido à aplicação de raios gama (Cobalt 60 Multipurpose Irradiator), que é a única maneira segura de eliminação de ovos de insetos. A biblioteca é mantida permanentemente em ambiente climatizado para evitar a umidade.

       Desde o início desta aventura de colecionista, empenhei-me na informatização da Biblioteca Vinária-Reppucci-BVR, armazenando-a em banco de dados que, aprimorado ao longo dos anos, registra hoje minuciosas informações de cada item de seu acervo. Além dos dados básicos, como título, autor, editor, ano, idioma, nº de páginas, dimensões,  têm-se reprodução da capa, sumário da obra (sempre que possível), fornecedor (livreiro), data de aquisição, reprodução de ex-libris quando existente. E tudo isso com acesso imediato.

      Gratifica-me poder dizer que a BVR é respeitável acervo de obras que, a par de mostrar tudo sobre essa bebida perene chamada vinho (segundo um dos mitos, criada pelo bíblico Noé), dá-nos também amplo panorama da história do ser humano e sua cultura.

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